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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ESSA É A VIDA DE AMY McDONALD

É início dessa década, um incerto porem próspero século vai nascendo. O mundo ainda não sentiu a crise financeira, e vê os EUA e a Europa unidos contra ditadores e guerrilheiros do Oriente Médio. Novos tempos, velhos fantasmas assombram o mundo.

Longe de tudo isso - mas nem tanto -, na fria cidade escocesa de Bishopbriggs, a adolescente Amy Macdonald adora música. Ainda mais agora, que seu pai havia acabado de lhe dar um violão, e os shows que assistiu de Travis, Peter Doharty (dos Libertines) e Fran Healy não saem de sua cabeça. Mal os 15 anos completados, e ela já está tocando e cantando nos pequenos bares da cidade de Glasgow, uma voz ainda estridente mas adocicando com o passar das noites.

Como todo adolescente, a inquietação e os questionamentos sobre a vida e o mundo permeiam seus escritos, e é sobre tudo isso que ela compõe sua primeira música, Youth of Today.

"And we are the youth of today,
Change your hair in every way,
And we are the youth of today,
We'll say what we want to say,
And we are the youth of today,
Don't care what you have to say at all."

O tempo passa, e Amy vai amadurecendo seu trabalho, até fazer sua primeira demo, com a música Poison Prince - meio sobre a vida do tal Peter Doharty. Aí começa aquela via crucis - abre show pra outras pessoas, paga um mico gigante tocando ao vivo em loja de disco, como se fosse um bicho numa jaula... enfim, coisas da vida. Mas até que vale a pena, o single chega à incrível marca de 136° na parada britânica de singles! (Curiosamente, na Suiça ela se sai melhor, 58°. Se bem que lá devem ter menos singles, né?)



Bom, seu futuro está traçado... os shows vão aumentando, a procura no myspace crescendo, e tá na hora de lançar o primeiro disco! This is the life, seu álbum de estreia (e único até agora, fora a edição deluxe, com CD duplo), sai exatamente no dia 30 de julho de 2007, pela Vertigo - a mesma do The Killers, uma de suas influências. Resumo da ópera de lá pra cá: mais de 2 milhões de CD's vendidos, primeiro lugar numa pancada de países (incluindo os acolhedores suiços, mas excluindo-se os irlandeses, meio nariz-virado com os scotchs, e os EUA, onde ela fica só em 94° na Bilboard), e shows, muitos shows, um atrás do outro.

Na minha opinião, todo esse sucesso em menos de 2 anos tem, sim, razão de ser. O disco é bom, do começo ao fim. A faixa título é um hit chiclete, daqueles que não dá pra parar de ouvir. Mas tem também Poison Prince, a excelente Run, a "quase engraçada" Footballer's Wife (ela namora um perna de pau inglês, ironia do destino), a hiper criativa Let's Start a Band, e a comovente Caledônia, cover do Dougie MacLean que uns 9 de cada 10 escoceses já regravaram - só pra citar quase todas as músicas, deixando vocês com água na boca (mas o link pra baixar as músicas tá aqui, eu sou bonzinho).





Outros 2 fatores são adoráveis também - não sei se complementam seu sucesso ou é a própria razão de ser dele: Seu estilo musical e sua voz. O estilo fica no já batido folk rock - todo mundo se acha folk hoje em dia, até a Mallu Magalhães (deixa pra lá esse assunto, já me dá alergia só de pensar), mas é um folk diferente, talvez por ser escocês, talvez porque, realmente, é folk e ponto final. O estilinho agudo do violão, aquela coisa meio country e meio Bob Dylan se encaixam nessa audição - onde Poison Prince e A Wish for Something More são seus principais expoentes. E sua voz - ah, é praticamente o mais legal dela! Sabe aquele sotaque hiper aberto dos bretões? O dela é uns 200% mais acentuado ainda. Sério, não tô exagerando. Tá bom, eu tô, mas que é uma delícia de ouvir e se encaixa muito bem nas músicas, isso é verdade. O tom é suave e doce, ficando um pouco mais forte nos refrões (ouça o cover do The Killers, Mr. Brightside (ao vivo), que você vai perceber bem).

As consequências de tudo isso estão bem representadas nas premiações... a lista já está grande, tem o Swiss Music Awards de melhor álbum e melhor canção internacionais (esses suiços definitivamente foram com a cara dela), Silverclaf Awards e Tartan Awards de revelação do ano, German Echo Awards de revelação internacional, e até, pasmem, levou o Scotish Person of the Year - é mole ou quer mais? Bom, meio sem querer, ela tem tido muito mais. Lá na noite de premiação do German Echo Awards, estava ela feliz e contente no camarim (ela se apresentou ao vivo), quando chega esse "bilhete" em suas mãos:

"Amy, venha dar um oi para seu fã clube - Bono, The Edge, Adan e Larry"

Bom, depois de quase entrar em estado de choque, a pós adolescente foi lá cumprimentar seus fãs - o U2, em carne e osso - , e o Bono dizendo coisas do tipo "você é brilhante, está fazendo coisas diferentes do que está por aí, é maravilhosa e única". Ah, para né? O Bono elogiando uma cantora, assim, do nada, a menina mal saiu das fraldas musicais... eu no lugar dela morria. Ao invés disso, ela agradeceu (claro), tirou umas fotinhos com eles e levou seu prêmio pra casa. Sim, ela tá podendo!

Tem irlandês que gosta da Escócia...


E que ela continue assim, humilde (como demonstra em seu blog no myspace), compondo boa música, divertindo e encantando a galera. Essa é sua vida, e que a gente possa acompanhá-la por muito tempo ainda.

Um comentário:

Anônimo disse...

maravilhosa, descobri há dois anos em uma tarde de folga perdido em uma loja de discos. Coisa que eu gosto de fazer de vez em quando. Nao deixo mais de ter em meu carro. Escuto, adoro e minha filha de um ano e pouco dança muito ao ritmo de seu embalo. Vida longa a Amy.