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domingo, 9 de outubro de 2011

NOS BRAÇOS DE UM ANJO CHAMADO SARAH McLACHLAN

20 anos depois de iniciar sua carreira, Sarah McLachlan lançou o CD Closer: The Best of..., uma coletânea de suas principais músicas, além de duas outras inéditas, U want me 2 e Don't give up on us.
O CD, é claro, traz músicas de todos os seus sete discos de estúdio (à exceção de Wintersong); algumas dessas músicas fizeram enorme sucesso mundo afora, outras nem tanto, principalmente aqui no Brasil, onde a mais conhecida, meio que por tabela do filme Cidade dos Anjos, foi Angel, canção que ela escreveu depois da morte de um amigo (na época, tecladista do Smashing Punpkins), e que Brad Silberling fez questão de colocar em seu filme, estrelado por Meg Ryan e Nicolas Cage. Curiosamente, Angel não tem um clip oficial, daqueles de ficar horas e horas gravando e editando. Porém, temos lindas apresentações ao vivo, como essa durante a turnê Mirrorball:



Cerca de onze anos antes dessa apresentação, Sarah começava sua carreira impulsionada por um contrato com a Nettwerk Records, que apostou em seu talento individual depois de vê-la com o grupo October Game. À princípio, Sarah relutou em gravar um disco, já que estava empenhada em seus estudos de piano, violão e canto - e a banda não passava de uma "brincadeira entre amigos". Porém, com o alto investimento feito pela gravadora (acreditem, cerca de 40 mil dólares entre produção e distribuição), ela resolveu mudar-se de Halifax para Vancouver para, depois de alguns meses, trazer à tona o seu primeiro "bolachão" - Touch. De cabelos curtos, voz ainda imatura mas já demonstrando a inigualável doçura, Touch (distribuído no Canadá pela Arista Records) fez relativo sucesso, principalmente com as músicas Vox e Ben's Song. No ano seguinte, o disco foi distribuído mundialmente, a capa colorida lembrando um disco da Enya e uma ou outra alteração na ordem das músicas.

Em 1991, Sarah lançou Solace, seu segundo álbum de estúdio. Contrariando a minha teoria (de que "segundo álbum" sempre é ruim), Solace é excelente, do começo ao fim. Qual fã não se emociona ao ouvir Drawn to the Rhythm, I will not forget you, além das ótimas The Path of Thorns e Shelter? Toda essa qualidade e amadurecimento fez com que Sarah ficasse quase 1 ano e meio excursionando entre Canadá e Estados Unidos - e um pouquinho pela Europa. Com toda essa bagagem cultural - Sarah também fez visitas à Africa -, trouxe, ao final de 1993, Fumbling Towards Ecstasy, impulsionado por relativos sucessos como Possession e Good Enough.

Um pouco cansada de tanta viagem e tantos shows, Sarah dedica seus próximos 3 anos lançando apenas "sobras de estúdio" e "lados B" - com The Freedom Sessions, em 1994, e Rarities, B-Sides And Other Stuff, em 1996. Dear God e Gloomy Sunday, 2 "covers" lançados em Rarities..., são considerados pelos fãs grandes momentos de sua carreira, além da versão piano-e-voz de Possession - simplesmente linda!

No meio do ano de 1997, Sarah lança Surfacing - segundo ela própria, o disco que revela seu "lado negro", onde as emoções estão presentes em cada verso, em cada acorde. Um olhar para dentro de si, encarando o que há de melhor e pior em seus sentimentos.

Para a maioria dos fãs - eu incluso - Surfacing é seu melhor disco. Não tem uma única música que não esteja entre as favoritas, todas elas nos tocam o coração de alguma forma - seja "romanticamente", como em I Love You, ou pelo tal "lado sombrio" perceptível em Building a Mistery e Sweet Surrender. Nesse disco temos também Angel, já citado acima, Adia e Black and White - músicas que pegam as emoções, dilaceram-nas e as reconstroem, nos obrigando a refletir sobre o mundo e, principalmente, sobre nós mesmos.

Não só o público gostou de Surfacing (mais de 10 milhões de discos vendidos ao redor do mundo), mas também a crítica. Sarah foi agraciada com 2 Grammy's, por Performances Vocal e Instrumental (Building a Mistery e Last Dance, respectivamente).



Com todo o sucesso de Surfacing, vários shows aconteceram (incluindo os shows do Lilith Fair, que ela criou e reuniu artistas como Sheryl Crown e Paula Cole), e estava na hora de Sarah repassar sua carreira em gravações ao vivo. Surge então, em 99, Mirrorball, trazendo o que de melhor foi registrado durante 35 de seus shows. Seus grandes sucessos estão ali, incluindo I will remember you e Ice Cream - música feita para Ashwin Sood, na época seu marido, baterista de sua banda.

Depois de toda essa maratona de shows, Sarah resolve sair um pouco dos holofotes e curtir seu então casamento e sua família, além de dedicar parte do seu tempo em serviços sociais, aos pobres (principalmente às crianças) e também aos animais abandonados. Em 2000, já funcionava o Sarah McLachlan Music Outreach Program, dedicado ao ensino musical para crianças carentes. Nesse período, gravações remixadas de seus sucessos foram reunidas em Remixed, de 2001.

Quase 6 anos longe dos estúdios, e Sarah, já com sua filha (nascida no ano anterior), resolve voltar aos estúdios. Afterglow é lançado em Novembro de 2003 - um disco maduro, denso e metafórico, com sucessos como Fallen, Stupid e World on Fire - este último, com um clip que "deveria" ter custado 150 mil dólares, mas que consumiu apenas 15 (isso mesmo, míseros 15 dólares) - o restante, foi doado para 11 Organizações de apoio ao fim da miséria na África, entre outras iniciativas sociais no Oriente Médio e na Ásia.



No ano seguinte, mais uma vez Sarah lança uma compilação ao vivo de sua turnê. Afterglow Live traz os sucessos de seu último disco, além de outros de sua já consolidada carreira. 2 anos depois, um disco de canções natalinas, em sua maioria regravações, mas com canções próprias como a faixa título, Wintersong. No mesmo ano, gravou a música Ordinary Miracle para o filme Charlotte's Web (A Menina e o Porquinho, aqui no Brasil).

De lá pra cá, Sarah viveu bons e maus momentos na vida pessoal. Em 2007, a felicidade veio com o nascimento de sua segunda filha, Taja, que veio fazer companhia à sua irmã India Ann (é, eu sei, também achei esses nomes esquisitos). No mesmo ano, recebeu a nomeação para oficial da Ordem do Canadá, e em 2009 foi homenageada no Juno Awards (prêmio musical canadense que ela até cansou de tanto ganhar) por sua contribuição Humanitária - Prêmio Allan Waters. Em contrapartida, tivemos a inusitada notícia de seu divórcio, em 2008 - fato esse perfeitamente visível e "audível" nas 2 canções inéditas de Closer...; está claro que ambas as canções tem a ver com esse fato. E não é só na letra das músicas - tem algo mais triste que a cena do clip U want me 2, onde ela coloca toalha e talheres na mesa, para duas pessoas, mas senta-se sozinha e triste?



Para os fãs, que "quase" não tem nada a ver com sua vida pessoal, a boa notícia. Sarah lançou em junho de 2010 um novo álbum de estúdio, Laws of Ilusion. Não é primoroso como os trabalhos anteriores, mas está ali a marca sentimental de Sarah. É fácil perceber que músicas como Love Come e Forgiveness têm a ver com os recentes acontecimentos de sua vida pessoal. E tem a "alegre" Loving you is Easy, um delicioso hit que veio com um clip muito criativo.



Nós, aqui do Brasil, além de curtirmos seus CD's e DVD's (e outras coisas mais, vide youtube), ainda temos esperanças de uma visitinha, mínima que seja, em nosso humilde país. Eu, pessoalmente, acredito que ela vá querer fazer uma big turnê ao redor do mundo, incluindo países ainda não visitados. Sonho meu? Talvez sim, talvez não. Vamos aguardar, roendo as unhas e nos emocionando cada vez mais com nosso anjo.

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